“O desmoronamento do morro do Tarumã na terça-feira (30), inundando de lama a Vila Palma e a Vila Savieto na região do Jardim Danúbio, vem alertar Jundiaí para o risco dos condomínios gigantes para a população e para o meio ambiente. Do lado oposto, a Vila Rica também sofreu efeitos menores. O morro do Tarumã é parte de um corredor ecológico virtual que começa no rio Jundiaí Mirim do parque da cidade e continua pelo Marco Leite, Vale dos Guaribas, esse morro do Tarumã, Vila Rica, Jardim da Fonte e o antigo Mirante. Vai sobrar algo dessa paisagem? Detalhe curioso de Vila Palma é que os moradores recuperaram, com carinho, uma nascente desse ecossistema. Não é ser contra ou a favor de empreendimentos, mas tratar também com mais carinho o ambiente.
Na madrugada de segunda para terça feira tivemos uma demonstração do que ocorre quando se realiza a supressão de árvores, sem o devido planejamento e zelo ambiental, para construções de empreendimentos. Isso vem acontecendo recorrentemente em Jundiaí, com muitos empreendimentos pela cidade as questões ambientais devem ser levadas mais a sério.
Os bairros Vila Palma e Jardim Danúbio foram tomados por lama vinda de um empreendimento no morro acima dos bairros, morro esse que era arborizado antes das obras do empreendimento (vide imagem antes e depois google maps). Situações como essa nos causam revolta devido a falta de seriedade que as questões ambientais são tratadas pelo poder público, que visa o crescimento desenfreado, sem o devido cuidado com a pauta ambiental e animal.
O solo exposto sofre compactação devido ao impacto das gotas de chuva e acabam surgindo áreas de escoamento com o consequente surgimento de rachaduras e fendas que favorecem os deslizamentos. O processo erosivo se inicia, com o desmatamento desenfreado, gerando assoreamento do rio e corpos d’água. Além disso, impacta diretamente na capacidade de recarga hídrica do solo, causando a morte de nascentes e bacias hídricas, gerando justamente o nosso maior problema da atualidade no Estado: a falta de água. Ainda, gera impacto no microclima do entorno e consequentemente, o impacto social para a população.
A construção de estradas em locais inadequados também contribui para a ocorrência de deslizamentos por causa das vibrações provocadas pelo tráfego intenso que acaba causando instabilidade nas encostas.
Conforme relatos de moradores da região, a tragédia já era prevista e anunciada. Através de várias reuniões com gestores nos últimos três anos, em que eles pediram fiscalização no empreendimento (que fica no alto do morro que faz fundos para os dois bairros), além disso, outra situação preocupante é o sistema de galerias pluviais dos dois bairros que quase não suportavam grandes volumes de chuva, o que acabou sendo agravado com a quantidade que passou a descer do barranco, após a retirada de árvores, para a construção do condomínio. Devido a essa falta de estrutura seis residências foram atingidas pela lama de maneira mais grave, causando destruição e perda de bens, outras também foram afetadas, de maneira mais leve.
Até quando vamos continuar a ignorar as questões ambientais, quando vamos dar conta de que estas questões e pensamento crítico fazem parte das questões sociais da cidade?
O Coletivo Japy se solidariza com as vítimas desse desastre Humano, causado pelo Empreendimento e pela prefeitura de jundiaí por sua omissão quanto às cobranças dos moradores.
Solicitamos também a Emccamp (empresa responsável pelo empreendimento) as medidas que estão sendo tomadas a fim de divulgar para a população, e por que não se foi pensado nessas medidas antes do ocorrido, pois é óbvio que em uma área desmatada o solo exposto fica mais suscetível a deslizamentos. Por que um planejamento para épocas com índices de pluviosidade alta não foi realizado? E mais, por que a prefeitura de Jundiaí não realizou as solicitações dos moradores da região ou a devida fiscalização ao empreendimento imobiliário?
Estamos caminhando para o progresso do desenvolvimento ou para o progresso da extinção?
Estaremos de olho nos empreendimentos da cidade para que o meio ambiente seja tratado com maior respeito e tomando as medidas que nos couberam e estiverem ao nosso alcance”.