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Iguape (SP): A princesa do litoral

Esta postagem foi publicada em 5 de maio de 2020 e está arquivada em Iguape (SP).

História

A história de Iguape, cidade situada no litoral Sul de São Paulo, no Vale do Ribeira, começou muito antes da chegada dos portugueses no Brasil.

Os primeiros habitantes da região são conhecidos como “Homens do Sambaqui”, povos muito primitivos que não conheciam sequer o arco e flecha e que viveram ali antes da chegada de índios com culturas mais avançadas.

Após a extinção dos Homens de Sambaqui, os índios que viriam a dar origem à tribo Temiminé passaram a enterrar seus mortos nesses sambaquis, dentro de grandes potes de barro chamados igaçabas, juntamente com os pertences dos mortos. Na região de Iguape, inúmeros sambaquis ainda podem ser encontrados.

Em 1494, Portugal e Espanha assinaram o Tratado de Tordesilhas para dividir as terras “descobertas e por descobrir” por ambas as Coroas, fora da Europa. Foi traçada uma linha imaginária a 370 léguas de Cabo Verde.  A região onde se situa Iguape ficava bem no limite do Tratado de Tordesilhas.

Acredita-se que desde 1498, já vivia, na região, o aventureiro espanhol Ruy Garcia Moschera, a quem é oficialmente atribuída a fundação do município.

O degredado português Cosme Fernandes, conhecido como “Bacharel de Cananeia”, também tornou-se uma figura poderosa na região, vindo a possuir muitos escravos e não prestando obediência à coroa portuguesa.

Quando Martim Afonso de Sousa chegou ao Brasil, em 1532, determinou que Moschera e o Bacharel desocupassem a área, no que não foi atendido. Então ordenou uma expedição chefiada por Pero de Góis que deveria executar a desocupação à força.

Mas Moschera e o Bacharel, apoiados por indígenas flecheiros carijós, capturaram um navio corsário francês e desbarataram a força portuguesa.

O conflito durou dois anos, de 1534 a 1536, e ganhou o nome de Guerra de Iguape.

Após a guerra, Moschera retornou ao Rio da Prata e a povoação de Iguape continuou sob o domínio do Bacharel Fernandes, tendo sido erguida sua primeira igreja, em homenagem a Nossa Senhora das Neves, construída em 1537.

A data de fundação de Iguape foi estabelecida em três de dezembro de 1538, ano em que se separou de Cananeia. Em 1577, o povoado foi elevado à categoria de “Freguesia de Nossa senhora das Neves da Vila de Iguape”, que anos mais tarde foi transferida mais ao sul, onde atualmente está o centro urbano da cidade.

O Ciclo do Ouro

No século XVI, foram descobertos os primeiros sinais de ouro na região do Vale do Ribeira. Devido à sua abundância, a procura logo se intensificou e, rapidamente, a exploração do ouro de aluvião se tornou a principal atividade econômica do município.

Para evitar o contrabando e intensificar a cobrança de impostos pela coroa portuguesa, foi fundada, por volta de 1630, a Casa de Oficina Real de Fundição de Ouro, que é considerada a primeira do gênero no Brasil.

A devoção a Bom Jesus

Um  outro fato marcaria a história de Iguape. Em 1647, uma imagem de Bom Jesus foi embarcada em um navio português com destino ao Brasil. Próximo de Pernambuco, o navio foi atacado por inimigos e para evitar que a imagem fosse destruída e profanada, o comandante colocou-a em uma caixa de madeira, juntou algumas garrafas de azeite e jogou-a ao mar.

Alguns meses depois, ela foi encontrada por dois índios, na praia do Una, na Jureia. Envolta em muitas histórias, a imagem foi entronizada, em 1647, no altar-mor da antiga igreja de Nossa Senhora das Neves, que se tornou um ponto de peregrinação.

Na década de 1780, foi dado início à construção da nova igreja matriz, feita de argamassa, óleo de baleia e pedras retiradas da face marítima do Morro do Espia. Todo o trabalho era executado pela população, voluntária e gratuitamente. A igreja só foi concluída em julho de 1856.

Nesse mesmo ano, foram trasladadas as imagens da antiga igreja para a nova Igreja Matriz.

A Igreja Matriz

Quem visita Iguape não pode deixar de conhecer a Basílica do Senhor Bom Jesus de Iguape.

Em seu acervo encontram-se imagens de santos entre elas a de Nossa Senhora das Neves (Padroeira) e a do Senhor Bom Jesus de Iguape.

 

Outra imagem que chama a atenção é uma estátua, de 4,30 metros, de Jesus crucificado. O trabalho foi executado pelo escultor Godofredo Thaler, de Treze Tilhas (SC) a pedido do Sr. Otávio Vaz, em agradecimento a uma graça alcançada.

A peça foi esculpida em um único tronco de cedro, tendo apenas os braços ajustados.

Iguape, com 1 977,96 quilômetros quadrados, é o município com a maior área do estado de São Paulo. Seu centro histórico é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional como patrimônio nacional desde 2009.

O Rio Ribeira de Iguape é outra atração da cidade. Com aproximadamente 470 km de extensão, ele está entre os rios mais importantes do estado de São Paulo.

O rio banha os estados do Paraná e São Paulo.  Sua nascente é na Serra do Paranapiacaba (PR), e deságua no Oceano Atlântico, na Barra do Ribeira, em Iguape.

A cidade abriga em seu território 70% de área natural protegida,  incluindo a Estação Ecológica Juréia-Itatins e suas belas praias.

Histórias e atributos naturais não faltam na antiga e bela Iguape, conhecida como a princesa do litoral.

 

Referências:

Santuário Senhor Bom Jesus de Iguape. Disponível em: https://www.senhorbomjesusdeiguape.com.br/artigo/historia-da-imagem-do-senhor-bom-jesus-de-iguape.html. Acesso em 03.05.2020.

Câmara Municipal de Ilha Comprida. Disponível em: https://www.ilhacomprida.sp.leg.br/institucional/noticias/480-anos-de-iguape. Acesso em 03.05.2020.

Portal do DAEE – Departamento de Águas e Energia.. Disponível em http://www.daee.sp.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=714:bacia-. Acesso em 04.05.2020.

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