Monte Serrat-uma fazenda com muitas histórias
Esta postagem foi publicada em 31 de agosto de 2020 e está arquivada em Itupeva.foto 08/2020
Quem visita o bairro Monte Serrat em Itupeva (SP), depara-se com um antigo e imponente casarão, que foi, no passado, sede da Fazenda Nossa Senhora de Monte Serrat.
Existem duas versões sobre a origem dessa fazenda. Rogério Eduardo Pansonato, no livro Memórias de Itupeva afirma que “A Fazenda Monte Serrat pertencia à família Queiroz Telles, os “Barões de Jundiaí” e, com seus mais de 320 alqueires, esbanjava riqueza”(1).
Na época, Monte Serrat, assim como todo o território da atual cidade de Itupeva, fazia parte do município de Jundiaí.
Ainda segundo Pansonato, “A sede da fazenda era uma reprodução das propriedades rurais francesas, e vidros coloridos foram importados para decorar as janelas da casa. Tudo ali era muito bem tratado, sendo que, em seus jardins, flores e pássaros exuberantes mostravam a época de glória que a fazenda atravessava”(2)
Nilson Cardoso de Carvalho, em um artigo na revista Abrasp, atribui a fundação da fazenda a Francisco de Paula Leite de Barros, nascido em Itu.
De acordo com Carvalho, Paula Leite teria trazido de Cuiabá, em 1810, (note-se que a fundação da Fazenda deve ser anterior a essa data) cinco ou seis mudas de cana “caiana branca”, plantando-as em sua Fazenda Nossa Senhora de Monte Serrate. As mudas teriam prosperado e gerado grandes lucros, pois a “caiana branca” produzia até cinco vezes mais açúcar que a variedade até então cultivada na Capitania de São Paulo.(3)
Francisco de Paula Leite de Barros faleceu em 1829, em Itu. A fazenda, então, mudou de mãos várias vezes, pertencendo inclusive a figuras importantes na época, como o Dr. José Manoel da Fonseca, futuro Senador do Império, conhecido como Senador Fonseca e posteriormente a seu filho Coronel Antônio Leme da Fonseca, aos Prates da Fonseca, e aos Almeida Prado.
Nas terras da fazenda foi aberta a estação de Monte Serrate, em 1889.
A Companhia Ytuana, que posteriormente se fundiria com a Sorocabana, ligava Jundiaí a Itu. A ferrovia foi traçada acompanhando o curso do Rio Jundiaí e algumas estações foram construídas em pontos estratégicos onde as locomotivas podiam ser abastecidas com a água retirada do rio.
A Estação de Monte Serrat, como observa Ralph Mennucci Giesbrecht, em Estações Ferroviárias do Brasil, foi construída graças a um acordo entre os fazendeiros da região e os diretores da Ytuana (4):
“O Dr. Luiz Carlos Berrini (então dono da fazenda, desde 1911) fez construir na Fazenda Monte Serrate um sistema de captação de água de nascente, que era levada a um reservatório construído sobre uma pedra no alto de um morro distante cerca de dois quilômetros, de onde descia por gravidade com grande força, abastecendo a sede, as casas dos empregados e casas da estação da estrada de ferro”.
Monte Serrat ganhou importância e recebeu o primeiro posto telefônico de Itupeva, de onde os cafeicultores acompanhavam a cotação do café para embarcar para o Porto de Santos.
Em 1919, o imigrante italiano Vicente Tonolli adquiriu a Fazenda Monte Serrat.
Ainda de acordo com Carvalho, na época, a fazenda “Contava com inúmeras benfeitorias tais como a sede, senzalas, três alqueires de pomar, 25.000 m2 de terreiro de café, estufa, linha férrea particular, onde corriam os vagonetes carregados de café, do terreiro até o local de embarque”.(5)
Um vídeo de 1928 mostra como era a vida na fazenda nessa época, com destaque para a produção de café: https://www.youtube.com/watch?v=XDkm-RGQxAQ
Vicente Tonolli tornou-se o maior produtor de café do município de Jundiaí.
Mas a quebra da Bolsa de Nova Yorque, em 1929, e a consequente queda nos preços do café abalaram seriamente suas finanças, obrigando-o a vender muito de seus bens para saldar dívidas.
Com sua morte, em 1947, a fazenda ficou para seus herdeiros e, na década de 1950, foi dividida pela primeira vez, sofrendo várias outras divisões nos anos seguintes.
Em 2012, uma área de 70.092 metros quadrados, situada na Fazenda, de propriedade de SUN BLOOM PARTICIPAÇÕES LTDA, foi transformada de rural para urbana. (6)
Dois anos mais tarde, um incêndio possivelmente criminoso destruiu cerca de 150 m² do casarão, que atualmente está cercado e passando por reformas, mas muita coisa se perdeu, principalmente a capela.
Luiz Crossi Neto, que frequentou a fazenda na década de 1960, ouviu relatos dos moradores que a capela havia sido decorada pelos escravos, que utilizavam cipós e outros elementos da natureza em seus trabalhos.
Pela sua importância histórica, a casa sede da Fazenda Nossa Senhora de Monte Serrat deve ser tombada e preservada.
Endereço: Bairro Monte Serrat – Itupeva (próximo à antiga estação ferroviária)
Referências:
1 e 2 -Pansonato, Rogério Eduardo. Jornal Expressão. s/d. Itupeva – SP.
3 e 5 . Carvalho, Nilson Cardoso de. Revista Abrasp nº 4. Disponível em,http://www.asbrap.org.br/documentos/revistas/rev4_art3.pdf.Acesso em 20.08.2020.
4. Mennucci , Ralph Giesbrecht . Estações Ferroviárias do Brasil. Disponível em: https://www.estacoesferroviarias.com.br/m/montserrat.htm. Acesso em 20.08.2020.
6. Leis Municipais. Disponível em:
Jornal de Itupeva. Disponível em: https://www.jornaldeitupeva.com.br/2014/03/27/incendio-destroi-casarao-historico-em-itupeva/Acesso em 26.08.2020.
Crossi Neto, Luiz (fotógrafo).
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Eu vivi esse casarão aos meus 14/15 anos hj tenho 60 e sempre guardo na lembrança, trabalhei como baba das crianças da Zuleica Marques filha da dona RosaTonoli e do seu Plinio .Lembro bem da igreja que muitas vezes arrumei pra Padre Toninho celebrar ate mesmo o Padre Moutinho eu cheguei alcançar.
Ola Sonia bom saber essas notícias dessa fazenda .Foi dum parente longe meu. E diz a história que ele queria se casar com a filha do dono da fazenda , cujos pais já tinham falecido. O padre era tutor dela e disse ao pretendente que arrumasse um bom santeiro e uma boa madeira para fazer uma imagem de nossa sra de monte Serrate . Se ele consegui isso ele autorizaria o casamento. E assim foi feito e ele casou se com a dona da fazenda
Moro em SP e se possível e se você quiser poderíamos conversar. Sempre estou por Itupeva